🎃 Fantasmas, espíritos e a imagem do outro | Um olhar filosófico sobre o invisível…👻

😱 No Halloween, a presença de fantasmas, espíritos e assombrações nos convida a mergulhar num universo onde o visível e o invisível se entrelaçam, onde o passado se manifesta no presente na forma do outro — aquilo que ultrapassa nossa compreensão imediata. Mas você já parou para pensar como a filosofia vê esses visitantes da noite?


Desde Platão, a ideia do espírito como representante de algo que transcende a matéria está presente no pensamento ocidental. Em sua obra, o mundo das ideias é eterno e perfeito, uma realidade além do mundo sensível. Esses “fantasmas” platônicos não são simples aparições, mas símbolos do que é verdadeiro e imutável, indicando que há algo além do tangível, uma essência que habita em outro plano…

Platão em “Fedro”, 245c-247c.

Para Platão, o fantasma não é uma figura assustadora, mas uma imagem do eterno: a alma que transcende o mundo sensível e habita o reino das ideias. O invisível aqui é o verdadeiro — aquilo que permanece mesmo quando tudo muda.


Avançando até Hegel, temos a concepção do Espírito (Geist) como aquilo que se realiza na história e na cultura, mas que também se mostra em suas múltiplas formas, inclusive como aquilo que parece estranho a nós: o “outro” absoluto. Os fantasmas e espíritos, nesse sentido, simbolizam a presença desse outro, que desafia e transforma nosso entendimento sobre nós mesmos e o mundo que habitamos.

Hegel em “Fenomenologia do Espírito”, 1807.

Na filosofia hegeliana, o Espírito se manifesta na história, na cultura e na consciência. O fantasma é o “outro absoluto” que nos transforma, uma presença que revela o tempo em ação e o vir-a-ser da realidade.


Levinas, um dos grandes pensadores do século XX, propõe que o encontro com o outro — o próximo — tenha algo de “fantasmagórico” em sua essência. O rosto do outro traz uma presença que nos chama à responsabilidade ética, à abertura para o desconhecido dentro do conhecido. É um “fantasma” que não desaparece e que insiste em continuar presente, exigindo respeito e consideração.

Levinas em “Totalidade e Infinito”, 1961

Levinas vê no rosto do outro uma presença que nos interpela eticamente. O fantasma aqui é a alteridade radical — o chamado silencioso que exige responsabilidade, mesmo quando não compreendemos totalmente quem nos olha.


Jacques Derrida nos oferece a noção de Espectralidade (Spectre) e Hantologia (o estudo da assombração). Em vez de uma ontologia (o estudo do ser), a hantologia derridiana sugere que somos constantemente assombrados pelas promessas e pelas injustiças do passado. O fantasma, para Derrida, é a justiça que ainda não se realizou, a memória que exige ação. Ele não é exatamente uma presença, nem uma ausência total, mas sim o in-entre, um chamado ético que vem de um tempo que não é o nosso, mas que nos toca profundamente…

Jacques Derrida, Espectros de Marx, 1993

Jacques Derrida, Espectros de Marx, 1993

Com Derrida, o espectro é o que não se deixa enterrar: uma figura entre presença e ausência que exige justiça. O fantasma é o resíduo do passado e o potencial do futuro — aquilo que ainda não foi cumprido, mas que insiste em retornar.


Para além da filosofia clássica e contemporânea, Gaston Bachelard nos convida a pensar sobre o poético e a imaginação, um espaço onde os fantasmas ganham vida simbólica e o invisível se torna presente.

Gaston Bachelard, A Poética do Espaço, 1958

Na poética de Bachelard, o fantasma é uma criação da imaginação — uma figura simbólica que habita nossos espaços internos. O invisível se torna presente nas imagens que evocamos, revelando o poder transformador do sonho e da memória.


👻 No imaginário coletivo do Halloween, essas ideias ganham vida em fantasmas assustadores e espíritos errantes que nos provocam uma reflexão sobre a alteridade, a morte, e a existência. Eles são metáforas filosóficas poderosas: falamos do que não controlamos, do não-memorável, do silêncio que rodeia o mistério da vida e da finitude.

Assim, mais do que monstros para temer, os fantasmas revelam-se símbolos profundos do encontro com aquilo que é não-aparente: o residual que teima em voltar, o potencial que ainda não se manifestou, ou simplesmente o Outro que habita dentro e fora de nós…

🎃 Portanto, neste Halloween, convidamos você a pensar a data a partir de um ponto de vista mais simbólico, não apenas como uma festa de máscaras e sustos, mas como uma oportunidade para pensar filosoficamente sobre o que cabe além do que vemos…?

🕯️Que tal deixarmos que os “fantasmas filosóficos” que habitam o invisível nos provoquem a pensar sobre quem realmente somos e como nos relacionamos com o outro? Será que temos essa coragem?

Talvez o fantasma mais inquietante seja aquele que nos olha de volta no espelho — não como ameaça, mas como revelação. Que neste Halloween, o encontro com o invisível seja também um reencontro com o que há de mais humano em nós…


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Crédito de imagem: Pexels

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