É difícil mergulhar nas inquietações da existência, no mistério das palavras ou nas vertigens do mundo interior sem encontrar, em algum momento, Clarice Lispector. Com uma prosa que escapa à lógica linear e mergulha no fluxo da consciência, ela nos convida a habitar o instante, a escutar o silêncio e a sentir o indizível.

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Nascida na Ucrânia em 1920 e naturalizada brasileira, Clarice construiu uma obra que desafia classificações: é filosófica, poética, existencial, feminina e profundamente humana. Seus romances e contos não narram histórias — revelam estados de ser. Poucos autores conseguiram capturar com tamanha profundidade as ambiguidades da existência, as epifanias do cotidiano e os labirintos da alma humana como ela… É exatamente essa riqueza e complexidade que a tornam uma fonte inesgotável para adaptações e explorações audiovisuais.

Neste post, indicamos dois documentários que ajudam a compreender quem foi Clarice Lispector e quatro filmes que buscaram, cada um à sua maneira, traduzir em imagens o universo denso e existencial de sua literatura. Prepare-se para uma jornada pelo cinema que tenta, corajosamente, explorar o universo de Clarice Lispector. Portanto, prepare a pipoca: Clarice vai ao cinema!

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Parte I: Documentários | Clarice por Clarice

Clarice Lispector | 100 Anos (TV Escola)

Para celebrar o centenário de Clarice Lispector, a TV Escola produziu uma série de vídeos que mergulham em diferentes aspectos de sua trajetória e produção literária. Com uma abordagem didática e acessível, o material é ideal para estudantes e curiosos que desejam se aprofundar na obra da autora. É um convite a explorar suas crônicas, romances e contos sob uma nova perspectiva, com análises e contextualizações que enriquecem a experiência da leitura.

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Clarice Lispector: A Descoberta do Mundo (2022), de Taciana Oliveira

Dirigido por Taciana Oliveira, este documentário é uma verdadeira viagem pela vida e pelo universo criativo de Clarice. Com depoimentos de especialistas, imagens de arquivo e a leitura de trechos de sua obra, o filme busca desvendar a complexidade da autora, desde sua infância na Ucrânia até sua consagração no Brasil. É uma oportunidade de ouro para entender como suas vivências se entrelaçam com a ficção, revelando as camadas de uma das mentes mais brilhantes da literatura brasileira.

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Parte II: Clarice em imagens | A literatura que virou filme

A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral

Considerado um clássico do cinema nacional, “A Hora da Estrela”, dirigido por Suzana Amaral, é uma adaptação magistral do último romance de Clarice Lispector. O filme narra a história de Macabéa, uma datilógrafa nordestina que vive uma vida de privações e sonhos no Rio de Janeiro. Com a inesquecível interpretação de Marcélia Cartaxo, que lhe rendeu o Urso de Prata no Festival de Berlim, a obra capta a essência da escrita de Clarice, explorando a fragilidade humana e a busca por sentido em meio à aridez da existência.

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A Paixão Segundo G.H. (2024), de Luiz Fernando Carvalho

O filme “A Paixão Segundo G.H.”, dirigido por Luiz Fernando Carvalho e estrelado por Maria Fernanda Cândido, traz para as telas a força e a introspecção de um dos romances mais densos de Clarice. A história de G.H., uma escultora que se depara com uma barata em seu apartamento e, a partir desse encontro inusitado, mergulha em uma profunda crise existencial, é um desafio para qualquer adaptação.

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O Corpo (1991), de José Antônio Garcia

Baseado no conto homônimo de Clarice Lispector, o filme “O Corpo”, dirigido por José Antonio Garcia, explora temas como a sexualidade, o desejo e a busca pela identidade em um cenário carregado de simbolismo. A trama acompanha uma mulher que se relaciona com diferentes homens, cada um representando uma faceta de sua própria busca. É uma obra que se aprofunda nas complexidades das relações humanas e na eterna procura por um lugar no mundo, ecoando a intensidade e a ambiguidade presentes na escrita clariceana.

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O Livro dos Prazeres (2020), de Marcela Lordy

“O Livro dos Prazeres”, dirigido por Marcela Lordy, transporta para o cinema o romance homônimo de Clarice Lispector. A história acompanha a professora Lóri em sua jornada de autoconhecimento e transformação, à medida que se permite amar e experimentar os prazeres da vida. Com uma fotografia poética e atuações sensíveis, o longa captura o tom lírico e meditativo da escrita de Clarice.

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