Santo Agostinho de Hipona (354–430 d.C.) foi um dos mais influentes filósofos e teólogos do cristianismo antigo. Sua obra abrange temas fundamentais como a natureza de Deus, o ser humano, o tempo e a memória, sempre buscando conciliar a fé com a razão. Agostinho é especialmente conhecido por sua profunda reflexão sobre o tempo, que ele aborda não apenas como uma dimensão física, mas como uma experiência interna da alma humana. Em seu texto “Que é o tempo?”, ele explora as dificuldades e paradoxos de compreender o tempo, questionando sua existência e natureza, e mostrando como o tempo está ligado à percepção e à mudança.
Que é o tempo?
Por Santo Agostinho
Não houve, pois, tempo algum em que nada fizestes, pois fizeste o próprio tempo. E nenhum tempo pode ser coeterno contigo, pois és imutável; se, o tempo também o fosse, não seria tempo. Que é pois o tempo? Quem poderia explicá-lo de maneira breve e fácil? Quem pode concebê-lo, mesmo no pensamento, com bastante clareza para exprimir a ideia com palavras? E no entanto haverá noção mais familiar e mais conhecida em nossas conversações?
Quando falamos dele, certamente compreendemos o que dizemos; o mesmo acontece quando ouvimos alguém falar do tempo. Que é, pois, o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; mas se quiser explicar a quem me pergunta, já não sei.
Contudo, afirmo com certeza e sei que, se nada passasse, não haveria tempo passado; que se não houvesse os acontecimentos, não haveria tempo futuro; e que se nada existisse agora, não haveria tempo presente. Como então podem existir esses dois tempos, o passado e o futuro, se o passado já não existe e se o futuro ainda não chegou?
Quanto ao presente, se continuasse sempre presente e não passasse ao pretérito, não seria tempo, mas eternidade. Portanto, se o presente, para ser tempo, deve tornar-se passado, como podemos afirmar que existe, se sua razão de ser é aquela pela qual deixará de existir? Por isso, o que nos permite afirmar que o tempo existe é a sua tendência para não existir.
AGOSTINHO, Santo. Que é o tempo? In: Confissões. Livro XI. São Paulo: Paulus, 2007
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