No texto abaixo, Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX, nos leva a refletir sobre o valor que atribuímos à aprovação dos outros e como essa busca pode nos tornar reféns da opinião alheia. A partir dessas ideias, surgem questionamentos fundamentais: até que ponto nossa felicidade depende da percepção dos outros? Seria possível alcançar uma vida plena sem a necessidade de reconhecimento externo? E como podemos equilibrar o desejo de aceitação com a busca pela autenticidade e liberdade interior? Essas questões continuam relevantes e nos convidam a uma reflexão profunda sobre nossa relação com o mundo e com nós mesmos…
Nossa existência na opinião alheia
Isto, a saber, nossa existência na opinião alheia, por consequência de uma fraqueza especial de nossa natureza, recebe via de regra uma apreciação excessiva; embora já o discernimento mais ligeiro pudesse ensinar que, tomada em si mesma, ela não é essencial à nossa felicidade. É, pois, difícil explicar a intensa alegria interior de cada um sempre que nota sinais da opinião favorável de outros e que sua vaidade é adulada de alguma maneira. Tão inevitável como o ronronar de um gato que é afagado, um doce encanto pinta-se no rosto da pessoa louvada, especialmente no campo da sua pretensão, mesmo que o louvor seja evidentemente mentiroso. […]
Na medida em que o sentimento da honra repousa sobre essa característica, ela é capaz de ter consequências benéficas para o bom comportamento de muitos, como um sucedâneo de sua moralidade; mas sobre a própria felicidade do homem, especialmente sobre a paz de espírito e a independência, tão essenciais a ela, essa característica tem um efeito mais molesto e desvantajoso do que profícuo. Por isso é aconselhável, de nosso ponto de vista, impor-lhe limites e, por meio da reflexão apropriada e da avaliação correta do valor dos bens, moderar, na medida do possível, essa grande sensibilidade em relação à opinião alheia, tanto nos casos em que ela é adulada, como nos casos em que é ferida: pois ambos pendem do mesmo fio. Caso contrário, fica-se escravo da opinião e do juízo alheios. […]
Honra, esplendor, posição, fama, por mais que alguns os valorizem, são incapazes de competir com aqueles bens essenciais ou de substituí-los: muito antes, caso necessário, seriam entregues em troca daqueles, sem hesitação.
Por isso contribuirá com nossa felicidade se obtivermos a tempo o conhecimento simples de que cada um vive em primeira instância e efetivamente em sua própria pele, e não na opinião alheia, e que , consequentemente, o nosso estado real e pessoal (…) é cem vezes mais importante para nossa felicidade do que aquilo que outros venham a pensar de nós…
Schopenhauer, Arthur. Aforismos para a sabedoria de vida. Tradução Gabriel Valladão Silva – 1 ed. – Porto Alegre, RS: L&PM, 2014, pag. 53 – 55
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